sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Economia Internacional




Os Estados Unidos sentem a falta de um inimigo

Para Thomas Friedman, colunista do jornal The New York Times, os americanos se acomodaram após o fim da Guerra Fria. A fatura demorou, mas acabou chegando.

Nesse ambiente, a população se mobilizava, era coesa. Hoje é diferente. A soma de globalização e revolução da tecnologia da informação tornou o quadro mais difuso. O curioso é que esses dois fenômenos tiveram uma enorme contribuição americana. 

EXAME - Mas o que muda em relação ao mundo de antigamente?

É um inimigo que não tem cara, não tem dimensão militar. Nesse mundo globalizado e instantâneo, mais do que nunca a nossa arma é a educação. É isso o que vai determinar se vamos ou não permanecer na liderança mundial. É em torno disso que precisamos mobilizar a população. O nosso problema é que nos falta um concorrente visível.
Não tenho dúvidas de que o The New York Times é um jornal muito melhor por ter o Washington Post como concorrente. A Universidade Harvard é melhor por existir a Universidade Yale. O Brasil também é provavelmente melhor por ter a Argentina a seu lado. 

EXAME - Por que a China não é percebida como esse inimigo visível?

Talvez porque os impactos da concorrência com a China não serão sentidos nos Estados Unidos no curto prazo. Se nós, americanos, não fizermos nada, serão meus filhos que irão ver uma piora no estilo de vida deles mais adiante. Tenho 59 anos e toda a minha geração se beneficiou dos esforços que foram feitos durante a Guerra Fria.
A razão do livro é levantar a discussão sobre o futuro, mas olhando para trás, pois no passado fizemos tudo o que precisávamos para sermos uma potência. As lições que precisamos aprender estão na nossa própria história. Quando citamos os últimos avanços da China em educação e tecnologia, é mais no sentido de enfatizar que já passamos por isso e precisamos voltar a ter esse foco. 
EXAME - O senhor sente que os jovens americanos estão preocupados com os desafios que terão de enfrentar? 
Estão preocupados, sim. Minhas filhas são mais velhas, têm 27 e 24 anos, e já carregam essa preocupação há algum tempo. Vejo muitos dos amigos delas empregados, mas não em trabalhos que eles pretendiam estar quando saí­ram da universidade. Hoje em dia é mais difícil para os jovens traçar um plano de carreira. 

EXAME - O debate sobre a importância da educação tem recebido a devida atenção dos candidatos à Presidência dos Estados Unidos?
Não vejo esse tipo de discussão na campanha. Aliás, acho que ambos os partidos estão nos mostrando uma campanha que não desejamos, precisamos ou exigimos. Ainda mais diante dos desafios que temos de enfrentar. O que vemos são ataques e um ambiente altamente polarizado.



Fonte: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1023/noticias/os-estados-unidos-sentem-a-falta-de-um-inimigo?page=2

Nenhum comentário:

Postar um comentário

  ©Todos os direitos reservados - Econufam 2012 - AM.

TOPO